Eu ainda me lembro do dia em que minha ansiedade gritou mais alto que a minha fé. Me senti culpada, fraca, fora do controle. Já como psicóloga, eu entendia os processos internos, mas como mulher, mãe, esposa e cristã, eu também era humana. Foi nesse lugar de fragilidade que comecei a explorar, com mais profundidade, as práticas de mindfulness – ou, como gosto de chamar, exercícios de presença. E descobri que elas não estavam em conflito com a minha fé, mas podiam se tornar uma ferramenta preciosa no cuidado da mente e do espírito.

Se você luta com a ansiedade, quero te convidar a caminhar comigo neste artigo. Vamos entender juntos o que é o mindfulness, como ele funciona no nosso cérebro e, principalmente, como aplicá-lo de forma simples, prática e em paz com a sua espiritualidade.

O que é mindfulness e como ele se relaciona com a ansiedade

Mindfulness, em uma tradução simples, significa “atenção plena”. É a capacidade de estar presente no momento, com consciência e sem julgamento. Isso pode parecer pequeno, mas é profundamente transformador. A ansiedade, por sua natureza, nos arrasta para o futuro, para o “e se?”. O mindfulness nos ancora no agora.

“Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.” (Mateus 6:34)

A prática de mindfulness é amplamente utilizada dentro da Terapia Cognitivo-Comportamental como uma estratégia para lidar com pensamentos automáticos, regular emoções e diminuir o ritmo acelerado da mente ansiosa. Ela não substitui a oração, mas pode preparar nosso coração para ouvir a voz de Deus com mais clareza.

Benefícios cientificamente comprovados do mindfulness na ansiedade

  • Reduz a ativação da amígdala, região do cérebro ligada ao medo e à resposta de “luta ou fuga”
  • Melhora a qualidade do sono
  • Ajuda na identificação e reestruturação de pensamentos disfuncionais
  • Fortalece o autocontrole emocional
  • Promove sensações de paz e segurança internas

Esses efeitos não acontecem da noite para o dia, mas com pequenas práticas consistentes. Lembro de uma paciente que, ao começar a aplicar exercícios simples de respiração atenta antes de dormir, reduziu consideravelmente suas crises noturnas.

Como aplicar o mindfulness de forma cristã e cotidiana

1. Respiração consciente com versículo

Escolha um versículo curto, como “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará”. Inspire repetindo a primeira parte, expire com a segunda. Repita por alguns minutos.

2. Oração de escuta

Em vez de falar, apenas esteja. Sente-se em silêncio, reconhecendo a presença de Deus. Traga sua atenção para o corpo, a respiração e depois para um versículo ou palavra que Ele traga ao seu coração.

3. Caminhada com atenção plena

Durante uma caminhada, perceba os sons, o vento, as cores. Diga em pensamento: “Obrigada, Senhor, porque estou aqui agora”. Isso acalma o corpo e renova a mente.

4. Alimentação sem pressa

Evite comer correndo. Agradeça a Deus antes de comer e experimente saborear, mastigar, sentir. Isso diminui o ritmo da mente e ajuda na regulação emocional.

Mindfulness é antibíblico?

Essa é uma dúvida comum. Muitas pessoas confundem mindfulness com práticas de outras religiões ou com um esvaziamento da mente. Mas o foco aqui é atenção ao presente, algo que o próprio Jesus ensinou: olhar os lírios do campo, observar as aves do céu, confiar no cuidado do Pai.

Quando praticado com discernimento e em alinhação com a Palavra, o mindfulness pode se tornar um recurso abençoado para lidar com a ansiedade e cultivar uma vida mais centrada, leve e conectada com Deus.

Conclusão: cultivando presença com propósito

Viver no presente é uma arte, especialmente em tempos tão acelerados. Mas é no presente que Deus se revela. Se você tem lutado com ansiedade, talvez esse seja um convite divino para respirar fundo, desacelerar e aprender a confiar mais. O mindfulness pode ser uma das ferramentas nessa jornada.

Comece pequeno. Um minuto de silêncio, uma respiração com propósito, uma oração de escuta. E se quiser, compartilha comigo nos comentários: como tem sido sua experiência com a ansiedade? Que práticas têm te ajudado a voltar para o presente?

Psicóloga há 9 anos com abordagem cognitivo-comportamental. Esposa do Neto Gregório há 18 anos, mãe de três filhas. Pastora auxiliar voluntária na Igreja das Nações, lidera o ministério infantil e atua no aconselhamento cristão.

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